LA
DOLCE VITA: UMA MÚSICA, VÁRIAS VERSÕES
A Música La Dolce Vita, bem como tal expressão, nem
sempre é bem compreendida. O seu sucesso e versões, a perda de vínculo com o
filme que lhe deu origem (a sua tematização do modo de vida fútil), acaba
ofuscando o seu significado original. A trilha sonora do filme homônimo foi
responsabilidade de Nino Rota e o sucesso do filme incentivou o sucesso da
música. No entanto, o sucesso vai continuar para além da versão original.
Inúmeras versões, em diversos gêneros e idiomas, foram produzidas. Assim,
existe a versão disco, a versão jazz, a versão em inglês, a versão rock, entre
inúmeras outras.
Um dos maiores sucessos e que gerou um maior conhecimento da
música foi a versão de 1983, do italiano Ryan Paris, com a inserção de uma
letra em inglês.
LA DOLCE VITA
Estamos andando como em um Dolce Vita
Desta vez temos direito
Estamos vivendo como em um Dolce Vita
Mmh vai sonho esta noite
Nós estamos dançando como em um Dolce Vita
Com luzes e música em
O nosso amor é feito no Dolce Vita
Ninguém mais do que você
É a nossa última noite
Juntamente com o nosso amor novamente
Outra luz
Antes que fomos jogados na escuridão
Diga que você nunca vai me deixar agora
Diga que você nunca vai me deixar agora
Fizemos lo no Dolce Vita
Limpe todos os seus medos
Vivemos como no Dolce Vita
Um jogo de ontem
Eu estou tão sozinho no Dolce Vita
Oh telefone, baby
Essa magia se foi no Dolce Vita
Ninguém mais do que você
É a nossa última noite
Juntamente com o nosso amor novamente
Outra luz
Antes que fomos jogados na escuridão
Diga que você nunca vai me deixar agora
Diga que você vai me amar
É a nossa última noite
Juntamente com o nosso amor novamente
Outra luz
Antes que fomos jogados na escuridão
Diga que você nunca vai me deixar agora
Diga que você vai me amar agora[1]
Nessa letra, o conteúdo filme de desvanece[2], restando apenas o amor romântico
e fútil. Outra versão famosa foi a da banda Gazebo, que já havia feito sucesso
mundial com a música I Like Chopin[3]. O clipe da música já se
aproxima mais do conteúdo do filme ao abordar as relações amorosas fúteis:
Outra versão que merece destaque é a brasileira, interpretada pela cantora Vânia a partir da adaptação de Mariozinho Rocha. A versão brasileira da letra já aponta para o uso da linguagem política como significado metafórico e por isso referências a estatais, eleições e partidos. A letra, por sua vez, se aproxima mais do conteúdo do filme, tal como se vê nos trechos “eu vou entrar numa dolce vita”; “sem presidir estatais” (sem compromisso); “eu vou botar nessa minha vida um aditivo a mais” (aventura fútil), “vou levar uma boa vida”, “vou me filiar a mais de um partido”.
Diversas outras versões foram produzidas, tal como se pode ver abaixo. Em síntese, a música e suas versões expressam uma consolidação da expressão “La Dolce Vita” como “vida fútil” ou como “amor fútil”. Ela traz um significado ao reproduzir a explicitação do modo de vida fútil gerado pelo capitalismo e sua ilusão, tão passageira quando a música, pois depois que ela termina, assim como as coisas fúteis em geral, resta a repetição ou o vazio para quem leva uma vida fútil e, para quem não vive na futilidade, a reflexão crítica e a busca de sua superação teórica e prática.
[1]
A versão em inglês pode ser acessada nesse link: https://www.vagalume.com.br/parish-ryan/dolce-vita-traducao.html
[2]
Sobre o filme, cf. VIANA, Nildo. La Dolce Vita: Capitalismo, Futilidade e
Insatisfação. https://cinemamanifestacaosocial.blogspot.com/2021/02/la-dolce-vita-capitalismo-futilidade-e.html