Moldura da sociedade brasileira em música de Guilherme Arantes

Guilherme Arantes apresenta um quadro da realidade brasileira atual, a situação da saúde, educação, corrupção, política institucional, cultura, na música "Moldura do Quadro Roubado". Essa e outras músicas você ouve na Rádio Germinal. Abaixo letra e vídeo dessa música.

Moldura do Quadro Roubado

Guilherme Arantes

Faz-de-conta que eu não sei
Que o mundo está na (imunda) mão
Da quadrilha de gravata
Que me assalta um terço todo mês
Faz-de-conta que eu pensei
Que era fácil prosperar (crescer)
Sem vender a minha alma ao lobo
E ser cordeiro de uma vez

E onde foi que eu li
Que era cor-de-rosa
Que era só rezar
Pra "Êle" ouvir?

Mil promessas de eleição
A favela, então, cresceu, explodiu
A escola não ensinou, e faliu
E no hospital a humilhação
Que o povo acreditou
Na voz rouca do pastor (doutor)
e acredita em qualquer pai que venda
O seu baú da felicidade
E onde foi que eu li

e na America Latina ecoou um só pranto


Itamar Assumpção e a Crítica do Regime de Acumulação Integral

Abaixo a letra da música de Itamar Assumpção, "Reengenharia", na qual há a crítica do neoliberalismo, da ideologia da globalização e reestruturação produtiva, elementos que caracterizam o regime de acumulação integral, atual fase do capialismo, bem como suas ideologias. Após a letra, o vídeo para poder ouvir a música completa.

Essas e outras músicas você ouve na Rádio Germinal, onde a música não é mercadoria, é qualidade, crítica e utopia.

Reengenharia
Itamar Assumpção

Meu amor
Não sou o Gabriel, mas sou pensador
Eu tive uma idéia genial
Que tal inserir nosso lar na economia global

É muito simples não tem nem filosofia
É só fazer a tal reengenharia
No mundo inteiro vai que é uma beleza
Por que não fazer igualzinho lá em casa, hein princesa?
É só jogar no lixo o que não precisa
A tua mãe, por exemplo, a gente terceiriza

Não se preocupe com a culinária
Agora ficou chique comer porcaria
Ter urticária o que que há de mal afinal
É só um bocadinho de mesquinharia

Meu bem não vejo a hora de fazer economia de escala
O mala do nosso vizinho pegamos botamos fora
A mulher dele, a mulher dele... a gente incorpora...
Vamos acabar com todo desperdício
Afinal qual é o mal, é só a beira do precipício
É só a beira do precipício

Os amigos a gente elimina
E traz só de brinquedinho baratinho lá da China
Vamos criar um lar, um lar, um lar, um lar
bem competitivo
Um lar que seja voltado só para um objetivo
Ente o ativo e o passivo
Vamos ver qual de nós dois ainda continua vivo

Vamos cair de boca no pragmatismo
Afinal qual é o mal, é só a beira do abismo
Querida vamos acabar com todo sossego
Dar um basta nos sentimentos e nos momentos de aconchego

Pulmão otimizado, coração desativado, no seguro desemprego
Nosso lar vai virar uma operação enxuta
Com muito mais inveja, com muito mais disputa
Afinal qual é o mal em ser só um tiquinho filho da puta

Vamos concentrar na nossa vocação meu bem
Ficar querendo o que a gente não tem
Oh! Meu amor eu quero detonar o quarteirão, o mundo, o bairro
Só pra comprar nosso segundo carro

Oh! Meu amor
Depois quando tudo der certo
Ficaremos só nós dois num lindo deserto
Vai ser tão legal ser moderno
Aqui no meio do inferno

Poderemos gravar tudo isso em vídeo
Afinal qual é o mal só um pouquinho de suicídio
Teu irmão eu aniquilo, teu pai jogamos no asilo
É, só vamos comer por quilo

Meu amor, meu amor, meu amor!
Não sou o Gabriel, mas sou pensador
Sou pensador


Meu amor, meu amor, meu amor!
Não sou o Gabriel, mas sou pensador
Sou pensador


Meu amor, meu amor, meu amor!
Não sou o Gabriel, mas sou pensador
Não sou o Gabriel, mas sou pensador